Esporte Solidário: parte 2 – A Emoção e o Agradecimento
O dia 5 de novembro de 2010 já passou, mas as emoções e a lembrança daquela noite durarão muito tempo. Pra nós da VIDAS foi uma grande honra e uma alegria indescritível ver aquele ginásio cheio de adolescentes e adultos, todos com um mesmo propósito e a mesma crença: de que pequenos gestos podem fazer uma grande diferença, primeiramente em nós mesmos, e também na vida do outro, do próximo, daquele que talvez seja fisicamente diferente da nós, mas cujo sorriso e alegria de viver podem ser contagiantes e têm o poder de mudar o nosso olhar em relação a nós mesmos.
Toda semente precisa de terreno fértil para nascer….o Colégio Bandeirantes – e sua direção, professores, funcionários e alunos – foi o terreno que nos deu VIDAS. Foi, e tem sido, a água que nos rega, o adubo que nos faz crescer fortes, o sol que nos ilumina, o vaso que nos abriga, o teto que nos protege das chuvas fortes e dos ventos. Nosso lar….e foi incrível ver nosso lar naquela 6.a feira com um carinho tangível e com as portas abertas para aqueles que acreditaram e acreditam em nós.
Foi tudo perfeito, foi como planejado, incluindo-se aí minha ansiedade e nervosismo por sentir o peso da responsabilidade de fazer jus à confiança que todos os presentes haviam depositado em nós. Já a nada perfeita acústica do ginásio do Band talvez não tenha sido tão inclusiva como o evento, então transcrevo abaixo as palavras que disse e que muito provavelmente não tenham sido ouvidas com clareza pela maioria:
Boa noite a todos!
Em primeiro lugar quero agradecer ao depto de Educação Física e Esporte, ao Colégio Bandeirantes e todos os seus professores e funcionários, aos atletas do Pinheiros, aos queridos alunos do Band e seus familiares, por todo esse carinho, apoio, pelas doações, mas acima de tudo pela confiança em nosso projeto. Além de um”muito obrigada” do fundo do coração, em nome de toda a equipe VIDAS, nossos participantes e seus pais, fica o compromisso de transformar tudo o que recebemos em ações, solidariedade, cidadania, oportunidades, inclusão e acolhimento.
Eu gostaria de dividir uma idéia com vocês. A palavra deficiente, deficiência, faz parte da minha vida, da vida de todos os nossos participantes, está escrita na missão da VIDAS. É fato que nossas crianças não conseguem fazer muitas das coisas que nós andantes, ouvintes, falantes e videntes fazem. No entanto, eu gostaria de ver nós, pessoas sem deficiência (pelo menos aparentes) fazermos metade do que essas crianças e suas mães fazem: vocês já imaginaram como é tomar banho, trocar de roupa, sem conseguir ficar em pé (ou da banho e trocar a roupa de uma criança de 40kg que não fica em pé), ou andar pelas ruas de SP, pegar transporte público, em uma cadeira de rodas ou sem enxergar. Ou ver a vida acontecendo na sua frente, mas uma vida totalmente sem som, uma vida sem música. Ou ainda, fazer tudo isso com um sorriso no rosto, sendo feliz. Será que nós conseguiríamos??? Pois é, acho que a palavra deficiente físico definitivamente não é apropriada, acredito que eles sejam EFICIENTES físicos antes de qualquer outra coisa e merecem toda a nossa admiração e respeito.
Assim, fica pra todos nós a certeza de que somos sim todos iguais, somente temos habilidades, talentos, gostos, objetivos, percepções, felicidades, mundos diferentes, mas somos em essência todos absolutamente iguais.
Eu gostaria então de pedir
– para os atletas do Clube Pinheiros, que, assim como nós da VIDAS, acreditamos na bola e em todo o seu poder.
– para nossos eficientes físicos
– para todos aqueles que vêm de perto acompanhando e nos ajudando em nosso trabalho desde o começo, especialmente à nosso equipe técnica
– e principalmente para as mães dos nossos participantes, para essas mulheres guerreiras, batalhadoras, que matam um leão por dia, que dedicam suas vidas a lembrarem seus filhos de tudo o que eles são capazes de fazer enquanto minimizam o que não conseguem fazer (e acreditem, isso não é nada fácil – talvez todos possamos aprender com elas, focar no que temos e conseguimos e não no que não temos e não conseguimos…….)
Bem, pra todos esses, eu quero pedir uma calorosa e carinhosa salva de palmas.
E no dia 13 de novembro, colocamos as mães pra trabalhar, e acho que nunca o peso do trabalho foi tão leve e prazeroso: foi dia de separar e organizar as inúmeras doações que havíamos recebido. Para ver fotos das atividades do dia 13, clique aqui.
Para ver a matéria que saiu no site do Band, clique aqui
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