Faltei na VIDAS (e foi a primeira vez, e a primeira vez a gente nunca esquece…)

Bem, tudo o que eu NÃO quero é esquecer o dia 11 de setembro de 2010. Foi um dia especial…um dia de me dedicar à minha família (pelo menos depois das 11h da manhã…das 7h30 às 11h fiquei preparando a papelada para as atividades da VIDAS que ocorreram normalmente no Band…como minha equipe é muito especial e extremamente competente e dedicada, tudo correu super bem. Acho que nem notaram a minha falta….será???)

Voltando ao dia de me dedicar a minha família…..O Gabriel tinha uma apresentação de teatro nIMG_0264o Colégio Maria Imaculada, onde ele estuda. E eu não poderia ter ficado mais orgulhosa do meu pequeno: entrou no palco tocando sozinho sua cadeira de rodas, participou da coreografia da música do filme Ghostbusters (esse era o tema da peça), DSC02181falou tudo direitinho, alto e claramente, e tinha um dos papéis principais. Pelo menos é isso que eu consegui ver entre minhas inúmeras lágrimas de orgulho ao ver meu filho encarando esse desafio, orgulho do Maria Imaculada por confiar nele e dar-lhe um papel importante, orgulho dos amigos de classe por serem tão carinhosos com o Gabirú. Em outras apresentações que o Gabriel tinha participado em outras escolas, ele sempre tinha papel de idiota: em uma, ele foi o menino Jesus, que ficava parado e imóvel em uma bacia que supostamente era a manjedoura; em outra ele foi levado/retirado do palco no colo pela professora – por mais legal que ela tenha sido, se engatinhar era a realidade do Gabriel na época, por que é que ele não podia entrar no palco engatinhando??!!

(Gente, o Band sempre ocupará o 1.o lugar no meu coração, mas quero deixar registrado aqui que o Maria Imaculada é, sem sombra de dúvida, o 2.o colocado – quem acompanha a história do Gabriel, conhece esse capítulo. Depois de muitos “nãos” resultantes de uma exclusão escolar velada, irônica, doída, covarde e mentirosa, exclusão que subestima a inteligência, o afeto e a luta de nós mães, eu ouvi em janeiro desse ano a frase que sonhei ouvir nesses anos todos. Ouvi da Madre Carmen do CMI: “Patricia, eu não tenho muita coisa aqui na escola, não tenho rampas, não tenho muitos funcionários, não tenho alunos cadeirantes, mas eu quero esse desafio, eu quero que seu filho estude aqui, eu tenho boa vontade, eu quero aprender…você me ajuda, podemos trabalhar juntas, meu elevador não serve todos os andares, se eu construir uma rampa de madeira no lugar daqueles 4 degraus que você viu, você acha que é suficiente?” E é lá que, com muita alegria e passando todos os dias pela rampa de madeira, o Gabriel estuda hoje.
Isso sem contar o fato de que eles muito provavelmente vão nos emprestar a quadra para fazermos as atividades quando o ginásio do Band estiver sendo usado)

Como se já não tivesse tido emoção suficiente por um dia, fomos direto do CMI para a festa surpresa da minha mãe, a Toninha, que completou 70 anos (na verdade o aniversário dela foi ontem, dia 12). E foi uma grande surpresa mesmo: a cara dela foi incrível quando saiu do elevador e viu todas aquelas pessoas que ela tanto ama cantando parabéns do hall do meu prédio. Passamos uma tarde deliciosa, com pessoas muito queridas, vídeo com melhores momentos da vida da minha querida mãezinha, com crepe, bolo e parabéns, e com os tradicionais discursos da família Goloni (intermináveis, cheios de emoção e lágrimas, mas pra nós eles já fazem parte da nossa história).

O que eu falei da minha mãe? Que era difícil falar da minha mãe porque eu estava falando da minha melhor amiga e grande companheira, da pessoa que sem me abraçar, dar a mão, me fazer sentar no seu colinho, sem dizer muito “eu te amo” ****, fez com que eu sempre me sentisse abraçada, amparada, guiada e amada. (**** os Goloni não são muito de beijos, abraços e “eu te amo”, mas está aprendendo a ser agora, o que está sendo uma deliciosa descoberta – obrigada queridas Cinília e Sandra Braid, foi com vocês que eu aprendi, comecei a treinar, foi estranho no começo, mas hoje acho uma delícia). Disse que a força da minha mãe, sempre pegando no meu pé e sendo muito dura comigo, bem mais do que com meus irmãos (também, acho que eu dei – e dou até hoje – mais trabalho do que os dois juntos), me tornou a mulher e a mãe que eu sou. Devo a ela todos os valores que trago no meu coração. Assim, querida mãezinha, feliz aniversário, te amo muito mais do que você possa imaginar (apesar de ainda morrer um pouquinho de medo de você até hoje…..rsrsrsrs).

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Depois escrevo sobre as atividades do dia 11 de setembro na VIDAS, porque eu não tenho muita noção do que aconteceu sábado…..e isso é ótimo!!!

One Comment

  1. Daniela:

    Sei como é essa situação de exclusão velada, como vc diz. Levei meses procurando uma boa escola pra maria. Não uma que atendesse suas necessidades( todas as escolas atendem as necessidades de seus alunso, especiais ou nao?) ,mas uma escola em que ela pudesse ser feliz e realizada, que ela se sentisse parte. vi mtos sorrisos simpaticos e mtos discursos mto corretos, alguns com promessas difusas, outras com negativas educadas…
    Um dia encontrei uma escola que me atraiu mto, seu ambiente, a maneira como a vida fluia dentro dela, senti que ali seria o lugar onde a Maria seria “parte”. nunca quis que ela fosse uma aluna incluida. Para acontecer a inclusão, vc primeiro tem que ser excluido. Não era isso que eu sonhava.Queria que ela se sentisse como uma outra aluna qualquer.
    E o interessante é que quando eu liguei pra essa escola manifestando meu interesse, alguem me disse mto antipaticamente que a escola nao tinha dinheiro nem pro xerox, imagina pra construir rampas.Passei varios dias em estado de choque ate entender que era isso q eu esperava. Lá nao encontrei palaras delicadas, negativas polidas. Me disseram francamente que la nao haviam recuros financeiros. E chegando na escola e falando abertamente percebi que era isso a unica coisa que faltava na escola. E sobravam honestidade, sinceridade, boa vontade, interesse, humanindade.
    E é la que hoje a Maria é feliz! E nós tb!!

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